resenha: Nômades - Sintonizadores

Após três anos sem gravar, a banda Nômades lança mais um cd. O próprio nome, sintonizaDORES, já é um resumo daquilo que vem pela frente.Suas músicas demonstram a indignação quanto às questões sociais que estão a nossa frente desde religião, machismo , racismo e o capitalismo em si, ou seja, letras de sentido libertário diante desses fatos com a proposta de mostrar as dores que são sentidas e muitas vezes abafadas. Tem-se a seguir um pequeno resumo faixa a faixa do álbum (interpretação pessoal).

O cd é iniciado pela “marcha libertária”, música que realmente chama muita atenção pela sonoridade de “marcha cívica” e sua letra mostra de uma maneira expressiva o que se propõe aos seus “inimigos”. Em seguida escutamos a faixa: “complexo humano”, expondo a dialética travada entre as questões econômicas, em especial o petróleo, e o seu lado religioso. A próxima música é chamada “A companheira”, e apresenta um cenário de mulher emancipada propondo que esta vá à luta e se liberte de padrões e normas as quais são pré-estabelecidas há muito tempo.

A quarta faixa, “idéia sem ação”, expressa a manipulação de idéias veiculadas na mídia, como também padrões de conduta que muitas vezes não são questionados e apenas reproduzidos. Já “ocupar, produzir, resistir”, fala sobre a ação de ocupar um espaço inutilizado, ou especulativo, como forma de resistência, a fim de trazer uma nova dimensão e atividade. A música, “Imoral”, contrária aos padrões normativos, de comportamento e atuação, os quais servem de manutenção e enquadramento dentro da ordem vigente.

A sétima canção, representada pela “excelentíssimo esmoleo”, aborda a questão das eleições e do comportamento dos políticos em relação a população, os quais aparecem e atuam de acordo com seus interesses, usando o discurso que a população tem de se ajudar e ajudá-lo. Em, “contrato de exclusão”, vê-se a história e a luta do povo negro, com suas crenças, valores e ritos, mostrando que ainda persiste o preconceito e as atitudes que remontam a época da escravidão.

Prossegue-se com a música “anti-choque” que fala sobre a atuação da policia, a qual não se vê como uma classe de excluídos e explorados e utilizam da imponência da farda como forma de diferenciação entre os demais, absorvendo assim o discurso das elites.Já a “pela revolta, pelo pensamento” aborda a desconstrução de lideres e deuses, a questão de que a pessoa tem liberdade pensamento e ação e não há a necessidade de seguir pensamentos estabelecidos por outros.

A décima primeira música “libertação” fala sobre que cada pessoa tem em si um sentimento libertário, o qual deve ser buscado e não apenas esperar que a liberdade aconteça por outras pessoas e através dela seremos donos de tudo aquilo que nos são excluídos por poderes e poderosos. Última faixa inédita do cd: “contra os empresários”, expressa a ação dos mesmos, diante do mercado, fazendo com que driblem qualquer um a todo custo e ao mesmo tempo também são manobrados sem perceber. Por isso devemos nos rebelar contra os empresários e suas práticas.

Por fim, o cd conta com mais 7 faixas bônus do antigo álbum: “Maldita seja a guerra”, gravado em 2002/2003.

Resenha por Luciana (Lulu do Rock)