Hardcore Recife

quinta-feira, dezembro 30, 2010

entrevista: Xico Xavier - Psicographic Violence

Hardcore Thrash Recife entrevista a Xico Xavier, uma das bandas mais criativas e com os integrantes mais bem humorados de Pernambuco. As perguntas abordam desde a criação da banda até os detalhes do seu cd demo, lançado neste mês. A entrevista foi feita entre os dias 24 e 29 de dezembro de 2010.

HTR: Primeiro gostaria que a Xico Xavier se apresentasse, e claro, dissessem de onde surgiu o nome e a própria banda?
Diego: Bixo, a banda é Júlio (vocal), Diego (guitarra), Pato (baixo) e Alcides "cano de 100" (bateria). A banda surgiu no Bigode, um bar ao lado do Cac na Universidade Federal, pelos meados de 2007. Embora ninguém estudasse lá eu (Diego), Julio e Rato (o primeiro baterista) iamos direto beber uma Cana com Mel que vende lá que é boa demais. Rato disse que conhecia um baixista e o Pato tava na banda. Chamamos também Gabriel (um bixo que agora toca gaita e sonha em ser Bob Dylan) pra cantar junto com Júlio (tem até uns videos com essa formação no youtube). O nome foi assim: cada um pensou em um monte de nome ruim pra banda e o "melhor" seria o escolhido. "Xico Xavier" e "Hidrocele" foram os escolhidos para a votação. Só o Rato quiz hidrocele, o resto da banda tinha vergonha de ter uma banda com esse nome e votou no Xico Xavier. Nos dois primeiros shows Biel gazeou e acabou saindo da banda, depois o Rato entrou numa nóia do reggae ai e saiu da banda também. Gilmar (um drogado de Maranguape) ensaiou umas vezes com a gente, mas como tinhamos um show em cima da hora o Rato voltou (nesse show George, que hoje canta na 7 dias de massacre, dividiu os vocais com júlio depois de fazer um ensaio na manha do mesmo dia e no outro dia saiu da banda). Pouco tempo depois o Rato não pode tocar num show e Alcides ensaiou duas vezes e tocou no lugar dele. O show foi horrível mas ele ficou na banda.

Júlio: Diego tem uma boa memória!

Pato: Então, conheci o rato pelas bandas de casa amarela mesmo (local aonde até hoje residimos. Ele na parte burguesa e eu no suburbio hahaha) na época ele (o rato) me chamou pra tocar baixo numa banda que ele tava afim de montar, banda essa que viria ser a xico xavier. Na época eu não tinha muita experiência em tocar em banda, Tinha sido chamado pra tocar numa banda chamada Terror nas ruas (qualquer coincidência com o disco do câmbio negro, não é por acaso!), aonde Bob (o bixo que pacientemente me deu uma força pra começar a tocar baixo) tocava guitarra e que tinha me chamado pra tocar com eles. Davi (nação corrompida) viria a tocar bateria posteriormente também, apesar da banda ter se resumido a alguns ensaios lá pelas bandas de Rio Doce/Maranguape e em algumas gravações caseiras na casa do próprio Davi.

XX no Coreto Alternativo em Taquaritinga do Norte
HTR: É sabido que a maioria dos integrantes toca em mais de uma banda, isso atrapalha de alguma maneira com a XX?
Diego: Júlio toca na Nark, Corrídos pelo Ódio e Arquivo morto. Pato toca em 200 bandas covers de metal, Nark e outras que eu não lembro. Eu toco na Eu o declaro meu inimigo. Alcides no Corroidos pelo ódio e Nação corrompida.monte de bandas que tocamos paralelamente não atrapalha em nada. Ensaiamos poucas vezes no mês e pouco tempo em cada ensaio. Gastamos mais tempo bebendo no pastel perto do estúdio. Pra ter uma idéia, não ensaiavamos a uns 2 meses antes do show do lançamento. Ai marcamos 2 ensaios de 2 horas (que chegamos atrasados 1 hora em cada) e pronto.

Júlio: Me atrapalha quando me esqueço dos ensaios ou quando a galera marca ensaio no sabádo de manhã.

Pato: Toco baixo (além da Xico Xavier), numa banda cover de Pearl Jam e noutra cover de Guns N'Roses. Além de tocar guitarra no Nark. Cheguei a tocar em algumas varias outras, mas fui saindo a medida que via que o lance tava ficando vago. Não tem pra que dedicar tempo com um lance que não vai pra frente em nenhum aspecto. Acredito que se for pra fazer algum lance, que seja sem cobranças e de boa vontade, e é por ai.

HTR: Uma vez escutei que a parte reggae da XX tinha se acabado com a saída de um integrante da banda, é verdade que a XX chegou a cogitar tocar reggae?
Diego: De jeito nenhum. Tinhamos uma parte de uma música que tinha um reggae lá. Depois que o Rato entrou na noia do reggae levou a sério demais essa brincadeira e tiramos ela (a parte do reggae) junto com ele (o Rato).

Júlio: Fora que a banda é de grind/power violence, não rola essas quebradinhas chatas de bandas que enjoaram de tocar o que toca.

Pato: Exato, tinha um som que tinha uma introdução de reggae e tal, mas era pura onda. Chegou uma hora que agente não tava mais achando engraçado e "cortou" a intro do som.

HTR: Bem vamos falar sobre o trabalho gravado da XX, que dá pra fazer várias perguntas, vou começar pelo selo, o menor treta, de quem é e qual o apoio foi dado?
Diego: Esse selo é da mesma galera do Coletivo HR (eu, Júlio, Wendell e Pato), o Cd da Xico foi o primeiro a ser lançado e o do Antiskieumorra/RN (que também tocou no lançamento) foi o segundo. O lance é que fizemos todos os cds num esquema caseiro do inferno. Imprimimos as artes, colamos no papel de gramatura maior, cortamos, montamos e gravamos os cds (faça você mesmo até doer a coluna). Até agora só lançamos esses 2, o lance do selo é dar uma ajuda em produzir (no sentido de colar, cortar e etc) a parte física do cd e distribuir (sejam eles feitos por nós ou não). Os custos são bem mais baratos e o trabalho é 10 vezes maior. Umas bandas gostaram desse lance e entraram em contato comigo até, vamo ver no que vai dar. Sei que quase certo tem o lançamento de um cd de um Bloco Carnavalesco chamado "Bloco do Nada", uma doidice só bixo.

Júlio: A idéia do selo já vem desde a época que o coletivo foi criado e planejado. No passado eu tive um selo "traankaa ruaa recs" e distribuia material das bandas em shows e tal. O selo morgou por falta de tempo, grana e apoio. O lance do menor treta é totalmente de apoio mútuo entre Bandas/Selo.

Pato: Pois é, o lance dos discos foram todos feito nos corres mesmo. Os cd's foram gravados todos em casa, assim como o lance das capas também foram feitos da maneira mais "artesanal" (se posso assim falar!) possivel. Até agora não vi ninguem reclamando que veio um "disco ao vivo do chiclete com banana", no lugar dos sons da xico, haha.

HTR: Existem várias hm... colagens (é colagem?) de filmes e videos que rolam na internet, vosês poderiam falar um pouco sobre isso?
Diego: Cara, essas vinhetas (sei la como chama isso) são basicamente de merdas da internet e filmes que gostamos. Algumas são só pela bizarrice e não tem nenhuma ligação com as músicas. As vinhetas dos filmes são totalmente ligadas com a letra (mesmo que sejam apenas os trechos usados). A vinheta que precede Suicide é de um filme francês chamado "La Haine" que achei fuderoso, essa parte se repete durante o filme todo e fala sobre uma pessoa que pulou em um suicídio mas se conforta dizendo "até aqui, tudo vai bem" e depois vem a queda e ele diz que o que importa é o "momento da aterrissagem". Novamente perigosos é precedida por uma parte do filme "Clube da luta" e "fazer você sentir" tem uma parte de "elephant". Acho que é só isso.

Diego, Julio e Pato, na seqüência.
HTR: E sobre a duração do album, ele tem 17 músicas e... hm... 14 minutos, de onde vem a inspiração para músicas tão curtas? E de quem foi a -ótima- idéia de lançar as demos com capinhas de cores diferentes?
Diego: Viemos perceber que a duração das músicas era tão curta depois que gravamos tudo. Achavamos o show pequeno mas ele dura em torno de meia hora devido as piadas e a falação de merda. Sei nem explicar como é que é, fazemos a música até caber a letra toda (e as vezes nem isso) e quando não tem mais o que falar ela acaba. Algumas faixas tem vinhetas maiores que músicas. O lance das capas foi um acaso, seriam primeiro amarelas, mas a impressora não tava imprimindo apenas o tonner amarelo, ai tive que ir botando outras cores pra dar tempo de fazer os cds pro show.

Júlio: O lance de músicas rápidas e curtas é a velha idéia do toque rápido ou morra. Na grande parte dos sons canto a música de uma só vez, sem repetições ou refrões chatos.

Pato: as músicas "curtas" se devem a idéia de que os refrões não são pra marcar e ficar na mente e você ficar cantando todo dia, e acabar virando hit, como é a ideia da música comercial que predomina nas rádios de todo o país. Acredito que a idéia de fazer música rápida, se deve bastante a isso. Música direta, direto ao ponto. Muitas vezes não "entendivel" para alguns, como uma especie de forma "subliminar" de transmição das idéias. Qualquer um que pegar um encarte, para pra ouvir e acompanhar, vai perceber que tem todo um contexto por trás.

HTR: Como se trata de uma demo fica a pergunta, já existe uma idéia de um álbum completo? Existem outras músicas prontas?
Diego: Chamamos de Demo p ficar como coisa do satanás, mas isso ta mais pra um cd, 17 músicas e o caraio. Mas em questão de produção acho que nunca gravaremos um CD com produção fuderosa, capa bonitinha e as porras toda. Vamos gravando as músicas que temos e pronto.

Júlio: Infelizmente nossas agendas não permitem uma sequência boa de ensaios, todos da banda ainda trabalham e estudam e pelo o menos eu prefiro sonhar baixo, fabricando e distribuindo os discos lançados por nós e pelo selo. Quanto as músicas prontas não temos, estamos passando por uma crise "musicológica"

Pato: Juntamos todos os sons que tinhamos, fizemos mais alguns e gravamos tudo. Deu um total de 17 músicas, e quem parar pra sacar, vai ver que todas elas não seguem nenhuma formula, nem nenhum estilo predefinido, devido a mudança na formação ao longos desses anos, reflexo do que cada um tava ouvindo no momento, e ficou nisso. A idéia seria começar a fazer sons novos e ir tocando, posteriormente junta tudo de novo, e se for a vontade de JAH, lançar em algum canto, de alguma forma.

HTR: Aquela música no fim do album foi um recado para alguém ou pura tiração de onda? Alguém explica a motivação pra por o brega no fim? =p
Diego: Aquela música tocou nossos corações, um sentimento sincero compartilhado em forma de música. Foi um salve para todos os nossos ex-bateris... que dizer, amigos que usam crack.

Júlio: Sentimento sincero nunca passou pela minha cabeça. Eu curto Brega e curto a música. Ela diz muito sobre a minh... hanhanham a realidade dos noiados por esse mundão de meus deus!

Pato: Colocar o brega no final foi uma forma que achamos de convencer as pessoas a comprarem o disco, para assim podermos lucrar mais e gastar tudo de cerveja e drog... run run, comida e livros.

HTR: Houve uma história de que vocês não iriam por as letras da músicas no cd porque vocês não cantam exatamente as letras que estão escritas, isso procede?
Diego: Era verdade na época, júlio passou uns 10 shows enrolando um monte de parte. Mas ai ele imprimiu as letras e gravou todo bonitinho (ou quase). Se você acompanhar vai ver que é impossível falar o que tem na letra, na hora é só dizer duas palavras de cada frase que engana.

Júlio: Não conseguia lembrar as letras por ter memória fraca. Quando Rato e Biel sairam fora da banda comecei a me interessar pela parte lirica da banda. Senti na época também que eu servia de alguma coisa.

Pato: Pois é, o bixo ficava enrolando mesmo. Porque antes ele dividia os vocais. Depois passou a cantar sozinho, e quase nunca conseguir decorar as letras. A culpa também não é dele (eu acho!), se o mesmo só serve pra pagar cerveja pra gente.

Júlio: Cerveja pro meu povo!

Straight Edge. =)
HTR: Bem pra finalizar, quais os planos futuros da banda e deixem suas últimas palavras, valeu.
Diego: Planos pra agora são: Beber no pastel todas as vezes que ensaiarmos, tocar no máximo de lugares que chamarem a gente e beber nesses shows. Baixem o cd aqui ó www.bodegadoleo.blogspot.com Querendo comprar é só falar com a gente por orkut, msn, carta, telefone ou email e pagar a bagatela de R$ 3,00 Valeu pela entrevista. Deus no coração, jesus na mente e satanais no côro! Sója salva! Nos vemos no rolé monstro WRHAARG

Julio: Obrigado a Braynner por me fazer feliz todos os dias! Agradeçemos pelo espaço cedido no blog pra esse entrevista.

Pato: Julio vai entrar no conservatório de canto lirico gultural e vai dá um tempo no alcool pra se dedicar somente a isso. Diego vai instalar o guitar Pro 6 no (no pc em casa e no do trampo), e vai aloprar na guitarra. Alcides vai viajar na metade de 2011 pra California, pra ter aulas com Mike Portunoy (ex-Dream Theather, ex-Avenged). E eu, bom... falei com Shuratto, pra aproveitar essas ferias escolares pra ter aulas particulares com ele na casa dele. E é isso.

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O blog agradece a entrevista a XX e convida seus usuários -que não conhecem a XX- a conhecer visitando o seu myspace: Xico Xavier.

E aproveitando o post o blog deseja tanto a XX quanto a todos um feliz 2011 cheio de suce$$o e susexo para todos. FELIZ 2011!

Um comentário:

  1. Foda. uma entrevista du caralho dessa, com uma banda mais do caralho ainda nao ter nenhum comentario...
    Foda-se, banda mt foda, entrevista mt boa mesmo ri mt lendo-a. espero conhece a galera da XX quando eles vinherem denovo aqui em Taquaritinga do Norte - PE.
    Abraços

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